Campanha

Multivacinação começa com falta de doses em UBS de Pelotas

No Fraget, dois imunizantes não estavam disponíveis; Centro de Especialidades foi o local mais procurado pelo público

Jô Folha -

No dia em que a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e de Multivacinação se iniciou em todo Brasil, a movimentação em Pelotas se concentrou no Centro de Especialidades. Mesmo com a indicação de que todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) estariam disponibilizando os 18 tipos de imunizantes, a procura nos postos foi pequena, ou nem teve. Já quem foi conferir o calendário e colocar a carteira em dia no postinho mais perto de casa, não encontrou todas as vacinas necessárias para atualização. A campanha, lançada no domingo pelo Ministério da Saúde, vai até o dia 9 de setembro e terá o dia 20 de agosto como o dia D. A dose contra a poliomielite é destinada para crianças menores de cinco anos e a multivacinação é para crianças e adolescentes menores de 15 anos.

A dona de casa Sue Elen Silva Tavares, 33, só não desistiu de vacinar Evelyn Aurora Tavares da Silva, de quatro meses, por saber da importância de manter em dia as doses. Nesta segunda-feira (8) pela manhã, cansada de ficar cerca de 40 minutos na fila comum de atendimento na UBS Fraget, chegou a pensar voltar para casa e retornar outro dia. Mas ficou e, quando chegou sua vez, pediram o prontuário da bebê, apesar da mãe ter em mãos a carteira de vacinação. Mais alguns minutos de procura até que a atendente decidisse fazer novo fichário.

"Mês passado, fiquei das 14h até às 18h, pois a enfermeira não apareceu. Então, uma profissional aplicou as doses referentes aos três meses de idade", relatou Sue, insatisfeita com a demora. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) atribui o tempo de espera no posto à demanda e alega que o prontuário, feito à mão ou digital, é um cuidado extra para segurança de crianças, pais e equipe. A apoiadora técnica do distrito Fragata da SMS, Daiane Marsili, afirma que a inclusão das informações do paciente é necessária para que as equipes da unidade possam atender tendo conhecimento do histórico médico.

Resolvida a parte burocrática, a mãe descobriu que duas das quatro vacinas que Evelyn precisaria tomar estavam em falta: rotavírus e a VIP (Vacina Inativada Poliomielite). Segundo a profissional da UBS, a recomendação é que Sue retorne em duas semanas para ter acesso às doses. A bebê, então, foi imunizada com a penta (DTP+Hib+HB) e a pneumocócica 10-valente. "Aprendi, desde pequena, que a vacina protege de doenças graves. Vou manter a imunização em dia, assim como faço com o irmão de Evelyn, o Samuel, de cinco anos", disse a mãe.

Sobre a falta de vacinas nessa unidade, a apoiadora técnica da SMS afirma que apenas o imunizante contra o Rotavírus esteve em falta na semana passada. No entanto, diz que a equipe do Fraget já informou a secretaria na sexta-feira e a vacina deve voltar a ser disponibilizada.

No bairro Areal, em um dos postos visitados pela reportagem, a procura foi maior pela vacina da Covid-19, na manhã desta segunda. Já na UBS Leocádia, a atendente inicialmente disse ao DP não saber sobre o início da campanha de vacinação, mas em seguida confirmou a existência de doses no local.

Sobre o desconhecimento da funcionária da unidade, a apoiadora técnica da UBS Leocádia Mirian Jouglard disse que as equipes da unidade realizaram formação na última quinta-feira e receberam, também, material informativo para divulgar a ação, que ocorre em todo o território nacional. A Diretoria de Atenção Primária da SMS informou que as UBSs e locais que participam da campanha estão inseridas nas capacitações desde o início do mês e as informações também estão sendo divulgadas pelos canais oficiais de comunicação da prefeitura, no site e pelas redes sociais, desde a semana passada.

Ponto de referência
No Centro de Especialidades, a tarde de segunda foi de visitas de muitos bebês para receber a dose conforme a idade e o calendário. Juntaram-se a eles crianças de até quatro anos, levadas pelos pais para atualização da carteira de vacinação. Laura Krebs de Oliveira, de quatro anos, estava chorosa para receber picadinhas de rotina, como a DTP, febre amarela e varicela, além das gotas contra pólio. A mãe, Juliane Krebs, 35, disse que na que semana que vem será a vez de Laura ser imunizada contra a Covid-19. "Eu sei que pode receber todas juntas, mas resolvi esperar uma semana, pois ela se livrou de uma gripe recentemente", disse.

Em Rio Grande
As unidades de saúde do município também estão engajadas na campanha nacional, com o objetivo de alcançar cobertura igual ou superior a 95% para a vacina da poliomielite na faixa etária de um a menores de cinco anos, além de reduzir o número de não vacinados entre crianças e adolescentes menores de 15 anos. Atualmente, a vacina de rotina está com cobertura de 70%, o que preocupa a secretária de Saúde, Zelionara Branco.

"De dois anos para cá, tivemos uma queda, principalmente com as do calendário, o que deixa a população suscetível aos vírus, o que pode trazer de volta a pólio, erradicada, e o sarampo, controlado", diz. Zelionara lembra que ainda é cedo para uma avaliação sobre a procura de vacinas, mas que espera poder divulgar bons resultados ao final da campanha.

Sem pólio desde 1989
Com a cobertura vacinal em queda durante a pandemia de Covid-19, o Ministério da Saúde espera vacinar cerca de 14.3 milhões de pessoas contra a pólio. O último caso de paralisia infantil foi registrado em 1989 e em 1994 a doença foi considerada pela Organização Mundial da Saúde como erradicada no país. Quadro que pode mudar caso os percentuais não aumentem. Em Pelotas, em 2019 a cobertura da pólio em crianças de até um ano foi de 74,95%, reduzindo para 63,86% em 2020 e, 55,37% ano passado. Na faixa etária de uma a quatro anos a cobertura foi de 57,43% em 2019 e 67,64% em 2020.

Confira o que deve estar disponível nas UBS
Para crianças estarão disponíveis os seguintes imunizantes: hepatite A e B; penta (DTP/Hib/Hep B), pneumocócica 10 valente; VIP (Vacina Inativada Poliomielite); VRH (Vacina Rotavírus Humano); meningocócica C (conjugada); VOP (Vacina Oral Poliomielite); febre amarela; tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba); tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba, varicela); DTP (tríplice bacteriana); varicela e HPV quadrivalente (papilomavírus humano).

Para adolescentes: HPV; dT (dupla adulto); febre amarela; tríplice viral; hepatite B, dTpa e meningocócica ACWY (conjugada).

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